quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fracasso

Daqui eu observo. Aqui eu estou, e não estou.
Sou o mesmo que, não te influencia, mas aconselha. Ainda assim não a sua vontade, não a sua mente, mas aquela centelha eterna, sua alma imortal, que foi expirada por nosso pai junto com todas as outras naquele momento antigo, naquele dia de luz.
Não posso fazer muita coisa, não diretamente, não decisivamente. Por que aqui estou, mas ainda assim não estou.

sábado, 16 de outubro de 2010

A chave de Esther.

Julian dormia no telhado do velho casarão. Era inicio da tarde, pouco depois do almoço, e por isso mesmo Julian não fez muita cerimônia para tirar uma soneca.
Havia chovido muito há algumas semanas, mas o mago Audus só pôde conjurar um feitiço para desviar a chuva do casarão tarde demais, quando a água já descia pelas escadas para o térreo em cascatas. A mobília e boa parte dos papiros e livros da biblioteca, antiqüíssimos e inestimáveis na maioria, se molharam. Julian foi incumbido pelo mago a secá-los cuidadosamente no porão, estendendo-os num varalzinho perto da antiga caldeira à lenha.


Tetsuo


Um zumbido...Tetsuo olhou para cima, protegendo os olhos do sol, que às 08:15 já era forte. No céu azul profundo ainda havia algumas estrelas.
A sirene soou. Potente e aguda como uma wakizashi, seu som atravessou o peito da cidade.

Possessão

O grito estridente e maquiavélico ecoava dentro da casa. Uma gargalhada profunda, entrecortada, esganiçada, que parecia vir de todos os lugares. Era um som doente, como se ela engasga-se com sua própria saliva ou sua garganta estivesse cheia de feridas.
Emerson procura, os olhos esbugalhados, forçando a visão no escuro, a origem daquilo, mesmo sabendo que não queria encontrar.

O veneno que nos separou


Silêncio. Frio. Muito frio. E era só isso. Não... Havia mais... Havia uns lampejos de luz...
E foi assim por algum tempo. Ela não estava em lugar nenhum e por algum tempo também não pensou sobre isso.

A velha do carvalho

Amanda estava lavando louça. Ela morava numa pequena fazenda e tinha doze anos. A casa de madeira em que morava era bastante grande. A madeira fora retirada dali mesmo, do Bosque dos Carvalhos, o que dava um cheiro todo especial à casa.

Flerte



Já sentia um aperto no coração. Uma energia estática na barriga. Os pelos dos braços arrepiados. Ela estava ali, já a via.
A estação cheia, mas ao mesmo tempo não poderia estar mais vazia. Muita gente, alheias e submersas numa dimensão paralela em que só elas mesmas existiam de cada vez. Admito, eu era assim. Ou sou. Saí,quem sabe momentaneamente, dessa indiferença irritante apenas por ela.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Apenas mais um caso de amor.

Marcos chegara em casa um pouco mais tarde do que de costume.
Foi o ultimo dia no curso pré-vestibular que fazia. Estava contente e ansioso para ver se seu esforço iria render bons frutos.

A dançarina.

O general estava refestelado no trono. Ainda sujo e suado da batalha, com seu rosto e roupas tomados de um sangue velho e escuro que enchia, assim como os outros soldados, o salão com um cheiro acre e pestilento.
Pelas enormes janelas daquela torre se podia ver o clarão e as colunas de fumaça do incêndio que ia corroendo a cidade. O enorme salão de mármore branco estava repleto de soldados. Eles bebiam, comiam e se divertiam à custa do reino que acabavam de tomar.

Sonia

O pai entrou no quarto trazendo um pequeno castiçal aceso. Sonia fingia que dormia e seu coração estava aos pulos enquanto mantinha os olhos fechados. A respiração, rápida e apreensiva, no entanto, era difícil de moderar para que parecesse a de alguém entregue ao sono profundo. A situação chegava a ser sufocante.

A noiva.

Ele chegou e antes de apagarem-se as luzes procurou uma mesa vazia, encontrou uma no fundo do salão. Havia uma névoa persistente devido aos cigarros que ali se fumava indiscriminadamente.
Uma garçonete se aproximou. Tinha um belo rosto, apesar de amarrotado e envelhecido prematuramente. O excesso de maquiagem denunciava o desespero com que ela tentava se agarrar aos restos de sua juventude.
_ Só um whisky, por favor.